Nada mal para um frango, mesmo que cheio de penas.

Seu surgimento como líder no cenário mundial não deixa de lembrar Anwar Sadat.

Quando Gamai Abdel Nasser morreu inesperadamente aos 52 anos, em 1970, e o seu vice, Sadat, assumiu o posto, o mundo encolheu os ombros.

Sadat? Quem diabos é ele? Ele era considerado um ninguém, um eterno n° 2, um dos membros menos importantes do grupo de "oficiais livres" que governavam o Egito.

No Egito, terra de piadas e piadistas, não faltavam pilhérias a seu respeito. Uma delas dizia respeito ao sinal escuro visível em sua fronte. A versão oficial era que resultava de muitas orações, de tanto apoiar a testa no chão. Mas o motivo real, comentava-se, era que nos comícios, depois que todo mundo tinha falado, Sadat se levantava para tentar dizer alguma coisa. Nasser então encostava amigavelmente o dedo em sua testa, empurrava-o gentilmente e dizia: "Sente-se, Anwar!"

Para total espanto dos especialistas - especialmente os israelenses - esse "ninguém" fez uma gigantesca aposta ao dar início à guerra de outubro de 1973, tomando em seguida um iniciativa inédita na história: dirigir-se à capital de um país inimigo, ainda oficialmente em estado de guerra, para fazer a paz.

A posição de Abbas sobre Yasser Arafat não era muito diferente da de Sadat sobre Nasser. Mas Arafat nunca nomeou um vice. Abbas fazia parte de um grupo de quatro ou cinco prováveis sucessores. O herdeiro certamente teria sido Abu Jihad, se não tivesse sido morto por comandos israelenses na presença da mulher e dos filhos. Outro candidato provável, Abu Iyad, foi morto por terroristas palestinos. Abu Mazen (Abbas) de certa forma foi a escolha à falta de alguém melhor.

Esses políticos que emergem de repente da sombra de um grande líder geralmente se encaixam em uma destas categorias: o eterno n° 2 frustrado ou o surpreendente novo líder.

Encontramos na Bíblia exemplos dos dois tipos. O primeiro era Roboão, filho e herdeiro do grande rei Salomão, que disse ao seu

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