Triste e feliz*

"Será este o dia mais feliz da sua vida?", perguntou-me um jornalista local, referindo-se ao iminente reconhecimento do Estado da Palestina pela ONU.

Eu fui apanhado de surpresa. "E por que seria?", perguntei.

"Bem, durante 62 anos o senhor preconizou a criação de um Estado palestino ao lado de Israel, e ele está chegando!"

"Se eu fosse palestino, provavelmente estaria feliz", respondi, "mas, como israelense, estou bastante triste."

Deixem-me explicar.

No fim da guerra de 1948, eu tinha quatro sólidas convicções:

(1) Existe um povo palestino, embora o nome da Palestina tivesse sido apagado do mapa.

(2) É com esse povo palestino que devemos fazer a paz.

(3) A paz será impossível a menos que os palestinos possam criar seu Estado ao lado de Israel.

(4) Sem paz, Israel não será o Estado modelo com que sonhávamos nas trincheiras, mas algo muito diferente.

Tradução de Clóvis Marques.

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