O motorista de táxi que falava tão livremente de botar Netanyahu para correr não temia que eu pudesse ser um agente da polícia secreta, e que alguém viesse bater à sua porta de madrugada. Estou escrevendo o que vem a minha cabeça e não ando por aí cercado de guardascostas. E se de fato decidíssemos nos reunir na praça, ninguém nos impediria de fazê-lo, e a polícia poderia até nos dar proteção.

(Estou falando, naturalmente, de Israel nos limites de suas fronteiras soberanas. Nada disso se aplica aos territórios palestinos ocupados.)

Vivemos numa democracia, respiramos democracia, sem sequer ter consciência disso. Para nós, ela parece normal, já a tomamos por natural. Por isso é que as pessoas muitas vezes dão respostas tolas nas pesquisas de opinião, o que leva à dramática conclusão de que a maioria dos cidadãos israelenses despreza a democracia e está disposta a abrir mão dela. A maioria dos entrevistados nunca viveu sob um regime no qual uma mulher acabe temendo que o marido não volte do trabalho por ter feito uma piada sobre o Líder Supremo, ou que o filho desapareça por ter desenhado grafites no muro.

Os membros do Knesset escolhidos em eleições democráticas passam o tempo disputando para ver quem consegue apresentar o mais abominável projeto de lei racista. Parecem crianças arrancando asas de moscas, sem entender o que estão fazendo.

A todos eles, faço uma recomendação: vejam o que está acontecendo na Líbia.

A semana inteira, passei todos os momentos de folga grudado na Al Jazeera.

Uma palavra sobre essa emissora: excelente.

Ela não precisa temer a comparação com nenhuma outra emissora do mundo, inclusive a BBC e a CNN. Para não falar dos nossos canais, que oferecem uma mistura indigesta de propaganda, informação e entretenimento.

Muito já se falou do papel desempenhado pelas redes sociais, como Facebook e Twitter, nas revoluções que estão virando o mundo árabe de cabeça para baixo. Mas em matéria de pura e simples in¬

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