fluência, Al Jazeera bate todas elas. Na última década, ela mudou o mundo árabe a ponto de ficar irreconhecível. Nas últimas semanas, operou milagres.

Acompanhar os acontecimentos na Tunísia, no Egito, na Líbia e nos outros países pela televisão israelense, americana ou alemã é como beijar através de um lenço. Vê-los pela Al Jazeera é sentir o gosto de verdade.

Em toda a minha vida adulta eu tenho defendido um jornalismo engajado. Tentei ensinar gerações de jornalistas a não se transformarem em robôs que reportam, mas em seres humanos dotados de consciência e que consideram sua missão promover os valores humanos básicos. Al Jazeera faz exatamente isto. E como!

Nas últimas semanas, dezenas de milhões de árabes contaram com essa estação para saber o que está acontecendo em seus próprios países, e até em suas cidades - o que está acontecendo na avenida Habib Bourguiba, em Túnis, na praça Tahrir, no Cairo, nas ruas de Benghazi e Tripoli.

Sei que muitos israelenses considerarão estas palavras heréticas, levando-se em conta o firme apoio da Al Jazeera à causa palestina. Ela é considerada aqui uma arqui-inimiga, no mesmo nível de Osama bin Laden ou Mahmoud Ahmadinejad.

Mas é fundamental ver suas transmissões para ter alguma esperança de entender o que está acontecendo no mundo árabe, inclusive nos territórios palestinos ocupados.

Quando Al Jazeera cobre uma guerra ou uma revolução no mundo árabe, cobre realmente. Não só por uma hora ou duas, mas 24 horas, o tempo todo. As imagens ficam gravadas na nossa memória, os depoimentos emocionam. O impacto nos espectadores árabes é quase hipnótico.

Muammar Kadhafi foi mostrado na Al Jazeera como realmente é - um megalomaníaco desequilibrado que perdeu contato com a realidade. Não em breves reportagens noticiosas, mas ao longo de horas e horas de transmissões contínuas, nas quais o discurso des¬

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