"Mate um turco e descanse"

Em alto-mar, em águas internacionais, o barco foi detido pela Marinha. Os comandos o invadiram. Centenas de pessoas a bordo resistiram, os soldados utilizaram a força. Alguns dos passageiros foram mortos, muitos ficaram feridos. O barco foi levado a um porto, os passageiros foram retirados à força. O mundo os viu andando pelo cais, homens e mulheres, velhos e jovens, todos exaustos, um atrás do outro, cada um escoltado por dois soldados...

O navio era o Exodus e o fato ocorreu em 1947. Havia deixado a França na esperança de romper o bloqueio britânico, imposto para impedir que navios abarrotados de sobreviventes do Holocausto aportassem nas costas da Palestina. Se conseguissem aportar, imigrantes ilegais seriam levados pelos britânicos para os campos de detenção em Chipre, como já acontecera. Ninguém se interessaria por eles por mais de um, dois dias.

Mas naquela época o poder estava nas mãos do ministro do Exterior britânico, Ernest Bevin, do Partido Trabalhista, arrogante e brutal, apaixonado pelo poder. Jamais deixaria que um bando de judeus mandasse em seu governo. E decidiu ensinar uma lição aos judeus, o mundo por testemunha. "É provocação!", gritou ele e, claro, estava certo. O objetivo era mesmo gerar um ato de provocação, para atrair os olhos do mundo para o bloqueio britânico da Palestina.

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