israelenses estavam informadas de sua chegada. Um jovem funcionário fez-lhe algumas perguntas, telefonou para os seus superiores no Ministério do Interior, voltou, fez mais perguntas, telefonou novamente e, então, carimbou o passaporte do professor: "Entrada Negada".

As perguntas? O funcionário perguntou ao professor por que não faria conferências em alguma universidade israelense. E por que não tinha passaporte israelense.

O professor retornou a Amã e fez as palestras por videoconferência. O incidente foi amplamente publicado no mundo inteiro, sobretudo nos Estados Unidos. O Ministério do Interior pediu desculpas esfarrapadas afirmando que o assunto não era de sua responsabilidade, mas sim do coordenador militar dos territórios (ocupados).

Essa é obviamente uma desculpa mentirosa, pois o próprio ministério vem negando recentemente a permissão de entrada a várias personalidades que manifestam simpatia aos palestinos, inclusive ao palhaço mais popular da Espanha.

Aqui, uma lembrança pessoal: há cerca de 12 anos participei de um acalorado debate público em Londres com Edward Said, professor e intelectual palestino, falecido há alguns anos. Às tantas, ele anunciou que seu amigo, Noam Chomsky, fazia uma conferência numa universidade londrina.

Corri para lá e vi o prédio cercado por uma densa multidão de jovens, homens e mulheres. Abri caminho com dificuldade até as escadas que levavam à sala de conferências e ali fui barrado pelos porteiros. Disse, em vão, que era amigo do conferencista e que viera de Israel especialmente para ouvi-lo. Responderam que a sala estava superlotada e ali não caberia nem mais um alfinete. Já naquela época a popularidade de Chomsky era grande.

Noam Chomsky é, provavelmente, o mais requisitado intelectual do planeta. Sua reputação vai bem além de sua especialidade acadêmica - linguística - na qual é considerado um gênio. É guru de milhões ao redor do mundo. A mídia internacional o trata como uma celebridade cerebral.

51