Os ataques do Exército de Israel ao Hezbollah ("Segunda Guerra do Líbano") e ao Hamas (a operação "Chumbo Fundido") só foram possíveis porque foram definidos como parte da campanha americana contra o "Islã Radical".

Aparentemente, o mesmo argumento se aplicaria a um ataque ao Irã. Mas não.

Não, porque um ataque de Israel ao Irã causaria um desastre militar, político e econômico para os Estados Unidos.

Como os iranianos também sabem que Israel não poderia atacar sem a autorização americana, a reação deles seria de acordo.

Conforme já escrevi, basta um rápido exame do mapa para ver qual seria a reação imediata do Irã. O pequeno estreito de Hormuz, à entrada do Golfo Pérsico (ou Arábico), pelo qual passa uma quantidade imensa do petróleo mundial, seria fechado imediatamente. O resultado abalaria a economia internacional, dos Estados Unidos e da Europa à China e ao Japão. Os preços chegariam às alturas. Países que começam a recuperar-se da crise econômica mundial afundariam na miséria, no desemprego, em tumultos de rua e falências.

O estreito só poderia ser reaberto por uma operação terrestre. Os Estados Unidos simplesmente não têm soldados sobrando para esse tipo de operação - mesmo se a opinião pública americana aceitasse mais uma guerra, a qual poderia ser ainda mais difícil do que no Iraque ou no Afeganistão. Existe até uma incerteza se os Estados Unidos poderiam ajudar Israel a defender-se do inevitável contraataque por mísseis iranianos.

Um ataque israelense a um país islâmico central uniria o mundo muçulmano, inclusive todo o mundo árabe. Os Estados Unidos passaram os últimos anos trabalhando duramente para formar uma coalizão de Estados árabes "moderados" (quer dizer, de países governados por ditadores sustentados pelos Estados Unidos) contra os Estados ditos "radicais". Esse pacote imediatamente se desataria. Nenhum líder árabe conseguiria manter-se neutro se as massas saíssem às ruas com grandes manifestações.

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