Lá também há um grupo que adotou a grife "al-Qaeda": é a "alQaeda da Península Arábica" (depois que os militantes iemenitas uniram-se aos irmãos sauditas). Mas seus chefes interessam-se muito menos pela revolução mundial do que pelas intrigas e batalhas das tribos entre elas e contra o governo "central" - uma realidade com história de milhares de anos. Só um doido absoluto poria a própria cabeça nesse travesseiro.

O nome Iêmen significa "a terra à direita". (Se se olha para Meca a partir do Oeste, o Iêmen fica à direita, com a Síria à esquerda.) A direita também tem conotação de felicidade e o nome Iêmen é associado a al-Yamana, palavra em árabe para "estar feliz". Os romanos chamavam aquela terra de Arabia Felix ("Arábia Feliz"), porque era terra próspera, que enriqueceu no comércio de especiarias.

(Aliás, por falar nisso, talvez interesse a Obama saber que outro líder, de outra superpotência, César Augusto, tentou uma vez invadir o Iêmen e foi rechaçado.)

Se o Americano Tranquilo, na sua mistura de idealismo e ignorância, resolver levar para lá a democracia e as quinquilharias de sempre, porá fim a qualquer felicidade que lá ainda haja. Os Estados Unidos afundarão em outro pântano, dezenas de milhares de pessoas serão mortas. Tudo terminará em desastre.

E possível que o problema tenha raízes - entre outras - na arquitetura de Washington DC.

A cidade é cheia de prédios enormes, de ministérios e outros escritórios da única superpotência que há no mundo. As pessoas que trabalham lá sentem o poder tremendo de seu império. Olham para os chefes tribais do Afeganistão e do Iêmen como um rinoceronte olha as formigas que correm entre suas patas. O rinoceronte caminha por cima das formigas sem percebê-las. Mas as formigas sobrevivem.

De modo geral, o Americano Tranquilo faz pensar também em Mefistófeles no Fausto, de Goethe, que se autodefine como a força que "sempre quer o mal e sempre cria o bem". Só que ao contrário.

9/1/2010

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