de decidir iniciar uma guerra brutal, o governo de Israel considerou devidamente todas as alternativas?

O plano de guerra incluiu ataque em massa contra a população civil da Faixa de Gaza. O real objetivo da guerra pode ser deduzido menos das declarações oficiais dos que a iniciaram e mais de suas ações. Se nessa guerra foram mortos cerca de 1.300 homens, mulheres e crianças, a grande maioria dos quais não era de combatentes; se cerca de 5 mil pessoas foram feridas, a maioria das quais, crianças; se cerca de 2.500 residências foram destruídas total ou parcialmente; se a infraestrutura em Gaza foi demolida - é evidente que nada disso poderia acontecer acidentalmente. Tudo isso, necessariamente, deve ter sido parte do plano de guerra.

Os pronunciamentos de políticos e comandantes militares durante a guerra deixam claro que o plano tinha dois objetivos e ambos configuram crime de guerra: (1) causar morte e destruição em larga escala, para "fixar um preço", "para marcar a fogo a consciência [do inimigo]", "para reforçar o poder de dissuasão" e, sobretudo, para levar a população a levantar-se contra o Hamas e derrubar seu governo. Evidentemente tudo isso afeta principalmente a população civil. E (2) evitar baixas no nosso Exército a (literalmente) qualquer preço, destruindo qualquer prédio e matando qualquer pessoa na área na qual nossas tropas se deslocassem, destruindo também casas habitadas e impedindo o socorro aos feridos, matando gente indiscriminadamente. Em alguns casos, os habitantes foram advertidos para fugir, mas isso foi principalmente para construir um álibi: não havia para onde fugir e muitas vezes se abriu fogo contra pessoas que tentaram escapar.

Uma corte independente terá de decidir se tal plano de guerra condiz com a legislação nacional e internacional ou se, desde o início, configura crime de guerra e crime contra a humanidade.

Foi uma guerra de um exército regular com enorme capacidade de ataque contra uma força de guerrilha. Mas nesse tipo de guerras,

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