inclusive, nem tudo é permitido. Argumentos como "os terroristas do Hamas escondiam-se entre os civis" e "usaram a população como escudos humanos" servem talvez para propaganda, mas são irrelevantes: é sempre assim em guerra de guerrilhas. E, nessas circunstâncias, a decisão de iniciar uma guerra deve levar em consideração o alto risco de atingir civis.

Em um Estado democrático, os militares são subordinados aos dirigentes políticos. Ok. Mas isso não inclui obedecer a ordens "manifestamente" ilegais, sobre as quais paire a bandeira preta da ilegalidade. Desde os julgamentos de Nuremberg já não se aceitam mais desculpas de que "eu estava apenas obedecendo ordens".

É indispensável, portanto, examinar a responsabilidade pessoal de todos os envolvidos - do chefe do Estado-Maior, do comandante de operações e dos comandantes de divisão até o último soldado. Pode-se deduzir das declarações dos soldados que muitos acreditavam que a missão era "matar a maior quantidade possível de árabes". Isso só significa uma coisa: não distinguir entre combatentes e não combatentes. Essa ordem é completamente ilegal, seja explícita ou implícita, numa piscadela ou num cutucão. Os soldados entenderam que esse era "o espírito do comandante".

Dentre os suspeitos de crimes de guerra, os rabinos têm lugar de honra.

Aqueles que incitaram a prática de crimes de guerra e conclamaram os soldados, direta ou indiretamente, também podem ser responsáveis por crimes de guerra.

Quando se fala de "rabinos", pensa-se em homens velhos, de longas barbas brancas e grandes chapéus, que dão voz a saberes veneráveis. Os rabinos que acompanharam as tropas são de espécie muito diferente.

Nas últimas décadas, a educação religiosa financiada pelo Estado, em Israel, tem formado "rabinos" que mais parecem padres católicos medievais do que os velhos sábios judeus poloneses ou marroquinos.

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