no apoio ilimitado dos Estados Unidos, desde o fornecimento em massa de dinheiro e de armas até o veto no Conselho de Segurança da ONU. Esse apoio foi essencial para a política israelense. Esse apoio pode estar alcançando seus limites.

Claro que as coisas acontecerão gradualmente. O lobby pró-Israel em Washington continuará a impor o medo de Deus no Congresso. Um navio imenso, como os Estados Unidos, só pode alterar o rumo muito lentamente, tem de fazer uma curva suave. Mas a virada começou logo no primeiro dia do governo Obama.

Nada disso aconteceria se os próprios Estados Unidos não tivessem mudado. Não se trata apenas de uma mudança política. Ocorre uma mudança na visão de mundo, na perspectiva mental, nos valores. Certo mito americano, muito semelhante ao mito sionista, foi substituído por outro mito americano. Não por acaso Obama devotou parte tão grande do discurso a esse tema (o discurso, aliás, não inclui uma única palavra sobre o extermínio dos nativos americanos).

A guerra de Gaza, quando dezenas de milhões de americanos assistiram à horrível carnificina na Faixa de Gaza (apesar de a rigorosa autocensura só ter mostrado uma parte ínfima do que realmente aconteceu), acelerou o processo de distanciamento. Israel, o valente irmãozinho, aliado leal na "Guerra ao Terror" de Bush, tornou-se violento, um monstro enlouquecido, sem compaixão por mulheres, crianças, feridos e doentes. E quando sopram ventos como esses, o lobby perde peso.

Os líderes oficiais israelenses nada perceberam. Não sentem que Obama implanta um novo contexto e que "o chão se deslocou sob seus pés". Pensam que não passa de um problema político passageiro, que pode ser resolvido com a ajuda do lobby e dos membros servis do Congresso.

Nossos líderes ainda estão intoxicados pela guerra, embriagados de violência. Reescreveram a frase famosa do general prussiano Carl von Clausewitz. Para eles: "A guerra é a continuação de uma campanha

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