Do outro lado, o Hamas afirmará que o fato de que sobreviveram em luta contra a poderosa máquina de guerra de Israel é, em si só, uma grande vitória; um pequeno Davi contra o gigante Golias. De acordo com a definição militar clássica, o vencedor é o exército que continua no campo de batalha quando a batalha termina. O Hamas permaneceu lá. O regime do Hamas continua de pé na Faixa de Gaza, apesar de todos os esforços para eliminá-lo. Essa é uma realização significativa.

O Hamas dirá também que o Exército de Israel não estava ansioso para invadir as cidades palestinas onde seus combatentes se entrincheiravam. De fato, o Exército informou o governo de que a ocupação da cidade de Gaza poderia custar a vida de cerca de 200 soldados e nenhum líder político desejava isso às vésperas das eleições.

O próprio fato de que uma força de guerrilha, de alguns milhares de combatentes levemente armados, resistiu por longas semanas contra um dos mais poderosos exércitos do mundo será visto por milhões de palestinos e outros árabes e muçulmanos - e não só por eles - como uma vitória importantíssima.

No final haverá alguma espécie de acordo, que incluirá os termos óbvios. Nenhum país pode tolerar que seus habitantes vivam expostos a foguetes disparados de fora das fronteiras e nenhuma população pode tolerar um bloqueio asfixiante. Então, (1) o Hamas terá de desistir do lançamento de foguetes; (2) Israel terá de abrir as passagens entre a Faixa de Gaza e o resto do mundo; e (3) terá fim a entrada de armas para a Faixa (na medida do possível), conforme Israel exige. Tudo isso poderia ser alcançado sem guerra se o nosso governo não tivesse boicotado o Hamas.

Seja como for, os piores resultados dessa guerra ainda são invisíveis e se farão sentir só dentro de alguns anos: Israel imprimiu uma terrível imagem de si próprio na consciência do mundo.

Bilhões de pessoas nos viram como monstros sanguinários. Nunca mais voltarão a ver Israel como um Estado que busca paz, progresso e justiça. A Declaração de Independência americana re-

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