Uma alta prioridade dos planejadores era a necessidade de minimizar o número de soldados mortos, sabendo que o estado de espírito de grande parte do público, que apoia a guerra, mudaria se começassem a chegar notícias de baixas no Exército. Isso é exatamente o que aconteceu tanto na primeira como na segunda guerra do Líbano.

Essa consideração teve um papel particularmente importante, pois a guerra faz parte da campanha eleitoral. Ehud Barak, que subiu nas pesquisas nos primeiros dias da guerra, sabe que despencaria se as televisões começassem a mostrar imagens de soldados mortos.

Portanto, uma nova doutrina foi aplicada: evitar baixas entre nossos soldados, por intermédio da destruição de tudo que estivesse no caminho. Os planejadores estavam dispostos não apenas a matar 80 palestinos para salvar um soldado israelense, como de fato vem acontecendo, mas também 800. Evitar baixas do nosso lado é a instrução primordial, a qual está levando a um número recorde de baixas do outro lado.

O que aí se vê é a escolha consciente de um tipo particularmente cruel de estratégia de guerra - e esse tem sido seu calcanhar de Aquiles.

Um homem sem imaginação como Barak (seu slogan eleitoral é "Não é simpático, mas é um líder!") não faz ideia de como gente de bem, em todo o mundo, reage diante de assassinatos de famílias inteiras; destruição de casas sobre as cabeças de seus moradores; fileiras de meninos e meninas envoltos em mortalhas brancas; relatórios sobre feridos que sangram até morrer, porque a passagem das ambulâncias é impedida; ante assassinatos de médicos e paramédicos a caminho de salvar vidas e ante a morte de motoristas da ONU que transportam alimentos. As imagens dos hospitais com os mortos, os agonizantes e os feridos deitados juntos no chão, por falta de espaço, têm chocado o mundo. Nenhum argumento tem qualquer força ante a imagem de uma menina ferida, deitada no chão, se retorcendo de dor e gritando por sua mãe.

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