Mas nem nas cidades e aldeias próximas da Linha Verde encontrase um único árabe que aceite essa ideia. Embora Lieberman proponha entregar cidades inteiras, juntamente com todas as suas terras e propriedades, ao Estado palestino, não se ouviu uma única voz árabe que aceite a proposta.

Por quê? O milhão e meio de cidadãos árabes em Israel não gosta das políticas do governo, nem da bandeira nem do hino nacional, para não falar do tratamento dado à população palestina nos territórios ocupados. Mas preferem a democracia, o progresso social e o sistema de Seguridade Social de Israel. Estão enraizados na vida e nos costumes de Israel mais profundamente do que eles mesmos reconhecem. Querem ser cidadãos neste Estado, mas em termos de igualdade e de respeito mútuo.

Os judeus que sonham com a limpeza étnica não entendem como é grande a contribuição da comunidade árabe para Israel.

Como os outros habitantes, eles trabalham aqui, contribuem para o PIB e pagam impostos. Como todos nós, os árabes tampouco têm escapatória - pagam os impostos embutidos em todos os produtos que consomem e de seus salários também abate-se o imposto de renda.

São muitas as questões a serem discutidas e reconhecidas e delas devem ser tiradas conclusões. É desejável, ou não, no ponto em que estamos, que árabes morem em bairros judaicos e judeus em bairros árabes? Como elevar o nível econômico dos bairros árabes para que alcancem o estágio de desenvolvimento econômico dos bairros judaicos? As crianças judias devem aprender árabe e as crianças árabes devem aprender hebraico, como propôs esta semana o prefeito de Haifa? O sistema educacional árabe deve receber o mesmo status e o mesmo orçamento que tem hoje, por exemplo, o sistema educacional ultraortodoxo, que é independente, mas financiado pelo governo? Devem-se estabelecer instituições árabes autônomas?

Encontrar soluções para esses problemas ou, pelo menos, para alguns deles é parte essencial da luta contra o racismo - atacando as raízes, não só os sintomas.

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