A ira, a saudade, a esperança

Um dos pronunciamentos mais sábios que ouvi em minha vida foi de um general egípcio, poucos dias depois da visita histórica de Anwar Sadat a Jerusalém.

Fomos os primeiros israelenses a ir ao Cairo e, entre outras curiosidades, queríamos muito saber: como os egípcios haviam conseguido nos surpreender no início da guerra de outubro de 1973?

O general respondeu: "Em vez de ler relatórios dos serviços de inteligência vocês deveriam ter lido nossos poetas."

Pensei nessas palavras na quarta-feira passada, no funeral de Mahmoud Darwish.

Durante a cerimônia em Ramallah, vários referiram-se a ele como o Poeta Nacional palestino.

Mas ele foi muito mais do que isso. Foi a encarnação do destino dos palestinos. Seu destino pessoal coincidiu com o destino de seu povo.

Darwish nasceu em Al-Birwa, uma aldeia na estrada Aco-Tzfat. Há 900 anos, um viajante persa contou que visitou essa aldeia e ajoelhou-se nos túmulos de "Esaú e Simeão, que descansem em paz". Em 1931, dez anos antes de Mahmoud nascer, havia 996 habitantes na aldeia, dos quais 92 eram cristãos e os demais, muçulmanos sunitas.

No dia 11 de junho de 1948 a aldeia foi ocupada pelo Exército de Israel. Suas 224 casas foram derrubadas logo depois da guerra,

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