assim como as casas de mais 650 aldeias palestinas. Só alguns cactos e poucas ruínas ainda testemunham que aquelas aldeias um dia existiram. A família Darwish fugira pouco antes da chegada das tropas, levando o pequeno Mahmoud, de 7 anos.

De alguma maneira a família conseguiu voltar, para o que se tornou território israelense. Foi-lhes concedido o status de "ausentes presentes" - uma astuta invenção israelense. Significava que eram residentes legais de Israel, mas que suas terras lhes haviam sido confiscadas, nos termos de uma lei que dizia que qualquer árabe perderia a propriedade de suas terras se não estivesse fisicamente presente na aldeia quando foi ocupada. Nas terras da família Darwish foi construído o kibutz Yasur (pertencente ao movimento de esquerda Hashomer Hatzair) e implantou-se a comunidade cooperativa Ahihud.

O pai de Mahmoud instalou-se na aldeia árabe mais próxima, Jadeidi, de onde podia ver de longe as suas terras. Ali Mahmoud cresceu e sua família ainda vive até hoje.

Durante os 15 primeiros anos do Estado de Israel os cidadãos árabes viveram sob um "regime militar" - um sistema severo de repressão que controlava todos os aspectos de suas vidas, inclusive todos os seus movimentos. Nenhum árabe podia sair de sua aldeia sem permissão especial. O jovem Mahmoud Darwish várias vezes violou essa proibição e sempre que foi apanhado foi preso. Quando começou a escrever poesia foi acusado de incitação e posto sob "detenção administrativa", sem julgamento.

Naquela época escreveu um de seus poemas mais conhecidos, "Carteira de identidade", que expressa a ira de um jovem que cresceu nessas condições de humilhação. Começa com as palavras trovejantes: "Registrem: sou árabe!"

Foi nesse período que encontrei Darwish pela primeira vez. Procurou-me e trouxe outro jovem árabe, também nascido em uma aldeia e com forte compromisso político nacional, o poeta Rashid

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