lá conseguimos chegar em casa, em Tel Aviv, atravessando quintais e ruas menores. Nenhum de nós foi preso.

Assim conheci os bairros árabes, dentre os quais quarteirões elegantes como Talbieh e Bakaa, que passaram a ser o centro da Jerusalém judaica após a guerra de 1948. Naquela guerra os habitantes fugiram/foram expulsos para Jerusalém Oriental e ali se instalaram - até que, em 1967, aqueles bairros também foram ocupados pelo Exército e anexados a Israel.

A anexação de Jerusalém Oriental criou um dilema. O que fazer com a população árabe? Não podia ser expulsa. A destruição do quarteirão Mugrabi, em frente ao Muro das Lamentações, e a brutal expulsão dos habitantes árabes do quarteirão judaico da Cidade Velha já haviam gerado reações negativas em todo o mundo.

Se o governo realmente pretendesse "unificar" a cidade, teria tomado algumas medidas imediatas para acompanhar a anexação, como conferir cidadania automática a todos os habitantes árabes e devolver suas propriedades "abandonadas" em Jerusalém Ocidental (ou, pelo menos, pagar-lhes indenização pelas propriedades).

Mas o governo de Israel nem sonhou com esse tipo de medida. Os habitantes não ganharam a cidadania, que lhes teria dado direitos iguais aos dos cidadãos árabes-israelenses na Galileia e no Triângulò. Foram reconhecidos apenas como "residentes" na cidade, na qual seus ancestrais viviam há mais de mil anos. Esse é um status frágil, que lhes dá carteira de identidade israelense, mas não o direito de votar para o Parlamento. E pode ser revogado facilmente.

Sim, teoricamente, um árabe de Jerusalém pode solicitar a cidadania israelense, mas a solicitação é sujeita à decisão arbitrária de burocratas hostis. E o governo, é claro, conta com que os árabes não requererão a cidadania, uma vez que o requerimento implica reconhecer a legitimidade da ocupação.

A verdade é que Jerusalém jamais foi unida. "A cidade unificada, a capital de Israel por toda a eternidade" foi e continua sendo apenas

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