um mantra sem qualquer fundamento na realidade. Para todos os objetivos práticos, Jerusalém Oriental continua sendo território ocupado.

Os habitantes árabes têm direito de votar nas eleições municipais. Mas só um punhado deles - funcionários municipais e os que dependem de favores do governo - exercitam esse direito, porque esse voto também implica reconhecer a ocupação.

Na prática, Jerusalém é uma cidade controlada por judeus e para judeus. Seus líderes são escolhidos só por judeus e veem como seu principal objetivo judaizar a cidade. Há alguns anos a revista Haolam Hazeh publicou um documento secreto de orientação para as instituições governamentais e municipais no qual se recomendava que todas as providências fossem tomadas para que o número de árabes na cidade não excedesse 27,5 por cento - exatamente a porcentagem que existia na época da anexação.

Não é exagero dizer que o prefeito democraticamente eleito de Jerusalém Ocidental é também o comandante militar de Jerusalém Oriental.

Desde 1967 todos os prefeitos viram o cargo sob essa perspectiva. Juntamente com todos os braços do governo, eles garantem que os árabes que vivem fora de Jerusalém não retornem e que aqueles que vivem na cidade se mudem. Mil e um truques, grandes e pequenos, são utilizados para alcançar esses objetivos: da quase total recusa a fornecer licenças de construção para famílias árabes que crescem rapidamente até o cancelamento do direito de residência para quem passe algum tempo no exterior ou na Cisjordânia.

O contato entre árabes de Jerusalém e os habitantes da Cisjordânia, que era um tecido de densas relações sociais, foi totalmente rompido. Jerusalém, que servia como centro econômico, político, cultural, médico e social, foi completamente isolada de seus arredores naturais. A construção do Muro - que separou pais de filhos, alunos de suas escolas, comerciantes de seus clientes, médicos*de seus pacientes, mesquitas de fiéis e até cemitérios dos recém-falecidos - serviu ao mesmo objetivo.

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