1988) Israel apoiou secretamente o Irã dos aiatolás. O Irã-Gate foi apenas uma pequena parte dessa história.

Nada disso impediu Ariel Sharon de planejar a conquista do Irã, como já revelei no passado. Quando eu estava escrevendo um artigo mais extenso sobre ele, em 1981, depois que foi nomeado ministro da Defesa, Sharon contou-me confidencialmente sobre essa audaciosa ideia: depois da morte de Khomeini, Israel pegaria de surpresa a União Soviética na corrida contra o Irã. O Exército israelense ocuparia o Irã em poucos dias e entregaria o país aos americanos, que eram muito mais lentos e já teriam fornecido antes a Israel grandes quantidades de armas sofisticadas expressamente para esse fim.

Sharon também me mostrou os mapas que planejava levar para as consultas estratégicas anuais, em Washington. Pareciam bastante impressionantes. Mas, pelo visto, os americanos não ficaram muito impressionados.

Tudo isso indica que, em si, a ideia de uma intervenção militar israelense no Irã não é tão revolucionária. Mas a condição prévia necessária é uma cooperação estreita com os Estados Unidos. Essa intervenção não acontecerá, pois os Estados Unidos seriam as primeiras vítimas das consequências.

O Irã é hoje uma potência regional. Não faz sentido negá-lo.

A ironia é que os iranianos têm muito a agradecer ao seu principal benfeitor: George W. Bush. Se tivessem um grama de gratidão, deveriam erigir uma estátua de Bush na praça central de Teerã.

Por muitas gerações o Iraque foi o porteiro do mundo árabe. Foi a muralha do mundo árabe contra os persas xiitas. Vale lembrar que durante a guerra Iraque-Irã os árabes iraquianos xiitas lutaram, com muito entusiasmo, contra os persas iranianos xiitas.

Quando o presidente Bush invadiu o Iraque e destruiu o país, abriu toda a região ao poder crescente do Irã. Historiadores do futuro ainda se espantarão muito com essa ação, que merece um capítulo especial na "Marcha da Insensatez".

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