nosso lado, mas tampouco permaneciam judeus nos territórios que os árabes conquistavam, por exemplo, nos kibutzim de Gush Etzion e no bairro judaico da Cidade Velha, em Jerusalém. Os judeus que ali viviam foram mortos ou expulsos. A diferença estava na quantidade: enquanto o lado judeu conquistou grandes extensões de terra, o lado árabe conseguiu conquistar apenas pequenas áreas.

A verdadeira decisão foi tomada depois da guerra: não permitir que os 750 mil refugiados árabes voltassem para suas casas.

O que aconteceu quando os exércitos árabes entraram na guerra?

No início nossa situação pareceu desesperadora. Os exércitos árabes eram tropas regulares, bem treinadas (principalmente pelos britânicos) e equipadas com armamento pesado: aviões militares, tanques e artilharia, enquanto nós tínhamos apenas armas leves rifles, metralhadoras, morteiros leves e armas antitanques que não funcionavam. Só em junho começamos a receber armamento pesado.

Eu mesmo participei do descarregamento dos primeiros aviões de combate que chegaram, vindos da Tchecoslováquia. Haviam sido fabricados para a Wehrmacht alemã. Sobre as nossas cabeças, aviões "alemães" (Messerschmitts), do nosso lado, enfrentavam aviões "britânicos" (Spitfires) pilotados por egípcios.

Por que Stálin apoiou o lado judeu?

Na véspera da resolução da ONU, o representante soviético, Andrei Gromyko, fez um discurso sionista ardente. O objetivo imediato de Stálin era afastar os britânicos da Palestina, onde eles poderiam permitir a instalação de mísseis americanos. Aqui é preciso lembrar um fato que às vezes fica esquecido: a União Soviética foi o primeiro Estado a reconhecer Israel de jure, imediatamente após a declaração de independência. Naquele momento os Estados Unidos só reconheceram Israel de facto.

Stálin só deu as costas a Israel alguns anos mais tarde, quando Israel aderiu abertamente ao bloco americano. Naquela época a paranoia antissemita de Stálin também ficou evidente. Os estrate-

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