Tudo tem de ser adiado até que surjam lideranças fortes em ambos os lados". Alguns incluem aí o governo Bush - pois um presidente em final de mandato não é capaz de impor a paz.

Mas os assentamentos são apenas um sintoma, não o coração do problema. Então, por que o governo, pelo menos, não congela os assentamentos, conforme prometeu repetidas vezes? E se os assentamentos são o principal obstáculo à paz, por que continuam sendo ampliados e por que novos assentamentos continuam sendo instalados, disfarçados de "bairros" de assentamentos já existentes?

Evidentemente os assentamentos também são, de fato, apenas um pretexto. Algo mais profundo leva o governo e todo o sistema político a rejeitar a paz. É essa a agenda oculta.

O que é o coração da paz? Uma fronteira.

Quando dois povos vizinhos fazem a paz, determinam, antes de tudo, a fronteira entre eles.

E aí está, precisamente, o que o establishment israelense rejeita, pois contraria o ethos básico do projeto sionista.

É verdade, o movimento sionista já traçou mapas em vários momentos da história. Depois da Primeira Guerra Mundial submeteu à conferência de paz o mapa de um Estado judaico que se estendia do rio Litani, no Líbano, a El-Arish, no deserto do Sinai. O mapa de Vladimir Ze’ev Jabotinsky, que se converteu em emblema do Irgun, copiava as fronteiras do Mandato Britânico original, nos dois lados do rio Jordão. Israel Eldad, um dos líderes do Grupo Stern, distribuiu durante muitos anos um mapa do Império Israelense que se estendia do Mediterrâneo ao rio Eufrates e incluía toda a Jordânia e o Líbano, além de grandes partes da Síria e do Egito. Seu filho, o ultradireitista Arieh Eldad, hoje membro do Parlamento, não desistiu daquele mapa. E após a Guerra dos Seis Dias o mapa apoiado pela extrema-direita passou a integrar todas as áreas ocupadas, inclusive as colinas de Golã e toda a península do Sinai.

Mas todos esses mapas eram apenas um jogo. A visão sionista real não reconhece mapa algum. Trata-se de uma visão de um Estado sem

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