"blocos de assentamentos" permitiu que o presidente George W. Bush mudasse essa atitude e aprovasse os "centros populacionais" nos territórios ocupados. Haim Ramon, que no passado foi parceiro de Beilin no grupo dos "oito pombos" do Partido Trabalhista, foi ainda mais longe: defendeu a ideia de construir o "Muro de Separação", que, na prática, anexa a Israel os "blocos de assentamentos".

Mas a brilhante ideia de Beilin em nada diminuiu a oposição dos colonos à retirada dos demais territórios da Cisjordânia. Ao contrário: eles continuaram a impedir, pela força, o desmantelamento dos postos avançados, inclusive de postos minúsculos. A ideia não gerou nada de bom. O resultado foi totalmente ruim.

Pode-se continuar enumerando as ideias brilhantes de Beilin. Como na canção do grande ex-comediante (e atual rabino ortodoxo) Uri Zohar: "A cabeça judia inventa patentes para nós." Na arena política e diplomática de Israel, não há cabeça mais fértil do que a de Beilin.

Não sei exatamente que papel Beilin desempenhou na invenção das patentes que foram apresentadas na conferência de Camp David, em 2000. Por exemplo: a ideia de que Israel deveria exigir soberania no Monte do Templo, mas só abaixo da superfície, não satisfez a direita israelense, mas aterrorizou os palestinos, que passaram a temer que Israel minasse as fundações dos santuários islâmicos até que desabassem, possibilitando assim a construção do Terceiro Templo Judaico no lugar deles. O passo seguinte foi a "visita" de Ariel Sharon a esse local sensível, que desencadeou a segunda Intifada.

Após as eleições de 2006, Beilin teve outra brilhante ideia: convidar Avigdor Lieberman para um muito divulgado e amigável café da manhã. A intenção era boa, sem dúvida (embora eu não consiga imaginar qual seria), mas o resultado foi desastroso: deu a Lieberman um atestado kosher de um "esquerdista", que permitiu que Ehud Olmert o incluísse em seu governo.

Depois, o Partido Meretz anunciou que não, em circunstância alguma, participaria de um governo que incluísse Lieberman. Mas não se pode devolver o bebê de Rosemary ao útero da mãe. Lieberman permaneceu no governo, o Meretz continua fora.

236