Aparentemente o relatório varreu da mesa qualquer possibilidade de um ataque americano ou israelense contra o Irã. Agora surge a iniciativa de paz de Haniyeh e põe em perigo a estratégia do nosso establishment militar em relação à Faixa de Gaza.

E novamente começa o coro dos militares. Generais com e sem uniforme, correspondentes militares e políticos, comentaristas de todas as espécies, políticos de esquerda, políticos de direita - todos estão atacando a proposta de Haniyeh.

A mensagem é: não podemos aceitar essa proposta, de jeito nenhum! Não devemos sequer considerá-la! Ao contrário: a proposta mostra que o Hamas está prestes a desabar, portanto deve-se intensificar a guerra contra ele, apertar o bloqueio de Gaza, matar mais líderes - de fato, por que não matar o próprio Haniyeh? O que estamos esperando?

Opera aqui o mesmo paradoxo inerente ao conflito, como sempre operou, desde o início: se os palestinos estão fortes, é perigoso fazer a paz com eles. Se estão fracos, não é preciso fazer a paz com eles. De qualquer maneira, eles devem ser derrotados.

"Não há o que discutir!", declarou imediatamente Ehud Olmert. Então, está tudo bem e o derramamento de sangue pode continuar.

E realmente continua. Na Faixa de Gaza e nos arredores está sendo travada uma guerra pequena e cruel. Como sempre, cada lado alega que está apenas reagindo às atrocidades cometidas pelo outro lado.

O lado israelense diz que reage aos foguetes Qassams e aos morteiros. Que Estado soberano poderia tolerar ser bombardeado por mísseis mortais disparados do outro lado da fronteira?

É verdade, milhares de mísseis mataram apenas um número pequeno de pessoas. Cem vezes mais pessoas morrem ou ficam feridas em acidentes de trânsito. Mas os Qassams semeiam o terror, os habitantes de Sderot e arredores exigem vingança e a fortificação de suas casas, o que custaria uma fortuna.

Se os Qassams estivessem realmente preocupando nossos líderes políticos e militares, eles aceitariam imediatamente a proposta de

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