Massada palestina, um tipo de "mini" Stalingrado. Esta semana, em uma das incursões "de rotina" do Exército israelense, um foguete RPG (granada lançada por foguete) perfurou um dos renomados tanques Merkava Mark-3, produzidos em Israel, e só por milagre não matou os quatro membros da equipe. Em uma batalha grande e sangrenta não se pode confiar nesse tipo de milagres.

O pesadelo não acaba aí. Não há dúvida de que o Exército vencerá a resistência, seja qual for o preço para os dois lados, talvez demolindo bairros inteiros e realizando uma matança em massa. Mas, e depois?

Se o Exército se retirar da Faixa rapidamente, a situação voltará à que havia antes e o lançamento de foguetes Qassam será retomado (se chegar a ser suspenso). O significado: toda a operação terá sido inútil. Se o Exército permanecer na Faixa - que alternativa teria? - será forçado a assumir a total responsabilidade por um regime de ocupação: terá de alimentar a população, administrar serviços sociais, estabelecer mecanismos de segurança. E tudo isso em uma situação de guerra de guerrilha vigorosa e contínua, que tornará a vida tanto dos ocupantes como dos ocupados um inferno.

Para uma força de ocupação, a Faixa de Gaza sempre foi problemática. O Exército de Israel já desocupou essa região três vezes - e a cada vez a retirada foi motivo de alegria. "Gaza, adeus e até nunca mais!" sempre foi um slogan popular. Quando Israel fez a paz com os egípcios, eles energicamente se recusaram a aceitar a Faixa de Gaza de volta.

Não por acaso as duas Intifadas começaram em Gaza. (A primeira, que faz nesta semana exatamente 20 anos, começou quando um caminhão israelense colidiu com dois carros cheios de trabalhadores palestinos, colisão que os palestinos interpretaram como uma represália deliberada por parte dos israelenses. A segunda eclodiu depois da visita provocadora de Ariel Sharon ao Monte do Templo, quando policiais israelenses mataram manifestantes muçulmanos indignados.)

O próprio movimento Hamas, que hoje festeja seu vigésimo aniversário, também nasceu - não por acaso - em Gaza.

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