Não surpreende que nossos chefes militares tentem evitar a reocupação da Faixa de Gaza. Eles não apreciam a ideia de fazer o papel dos senhores dos filisteus na história do Sansão palestino.

O problema é que ninguém sabe como desatar o nó górdio que Ariel Sharon, o mestre nesse tipo de nós, deixou atado.

Sharon deu início ao "Plano de Separação" - uma das maiores tolices nos anais deste Estado, que são tão ricos em tolices.

Como sabemos, Sharon desmontou os assentamentos e conduziu a retirada da Faixa de Gaza sem qualquer diálogo com os palestinos e sem entregar o território desocupado à Autoridade Palestina. Não deu à população da Faixa qualquer chance de ter uma vida normal. Em vez disso, converteu o território numa gigantesca prisão. Todas as conexões com o mundo exterior foram cortadas - a Marinha israelense cortou o acesso por mar, a fronteira com o Egito foi completamente fechada, o aeroporto foi deixado em ruínas, a construção de um porto foi impedida pela força. A prometida "passagem segura" entre a Faixa e a Cisjordânia jamais foi aberta, todas as passagens para entrar e sair da Faixa permaneceram sob controle israelense, sendo abertas e fechadas arbitrariamente. O emprego de dezenas de milhares de trabalhadores de Gaza em Israel, do qual dependia a sobrevivência de quase todos os habitantes da região, acabou.

O capítulo seguinte foi inevitável: o Hamas tomou o controle militar da Faixa de Gaza sem que nenhum dos políticos desamparados em Ramallah pudesse intervir. Da Faixa, foguetes Qassam e morteiros foram lançados contra cidades e vilarejos israelenses vizinhos sem que o Exército israelense pudesse contê-los. Um dos mais poderosos exércitos do mundo, com o armamento mais sofisticado, é incapaz de neutralizar uma das armas mais primitivas do planeta.

Assim se instalou um círculo vicioso: os israelenses asfixiam a população na Faixa, os combatentes de Gaza bombardeiam a cidade israelense de Sderot, o Exército israelense reage matando combatentes e civis palestinos, habitantes de Gaza lançam morteiros contra os

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