Mesmo que os agentes de inteligência americanos acreditem, inocentemente, que o Irã parou a produção da bomba, isso só mostra o quanto são tolos. Não são capazes de imaginar que o Irã os esteja enganando. Quem sabe melhor do que nós como é fácil esconder uma bomba atômica e enganar o mundo inteiro? Afinal, fizemos isso por muitos anos.

Mas tudo isso não altera o fato: o relatório empurra a política americana para uma nova direção e muda toda a constelação internacional.

A guerra contra o Irã, que deveria ser o evento definitivo de 2008, tornou-se, por enquanto, um não evento.

Quais são os resultados disso, no que tenha a ver com Israel? Por que nossos líderes se encontram em estado de choque desde a publicação do relatório?

A possibilidade de um ataque militar independente, de Israel contra o Irã, desapareceu. Israel não pode ir à guerra sem o apoio total dos Estados Unidos. Tentamos uma vez - na Guerra do Sinai, em 1956 - e levamos um chute do presidente Dwight D. Eisenhower. Desde então temos tomado muito cuidado e procuramos obter a bênção dos Estados Unidos antes de qualquer guerra.

Para os serviços militares e de inteligência o relatório também é um desastre absoluto, por mais uma razão. A bomba iraniana é um componente indispensável em sua luta anual para obter uma fatia substancial do bolo do orçamento nacional.

Para os demagogos de direita o efeito é ainda mais desanimador. Binyamin Netanyahu construiu toda a sua estratégia sobre a ameaça iraniana, na esperança de entrar, montado na bomba, diretamente no gabinete de primeiro-ministro.

Além do mais, quando a questão iraniana esfria, a questão palestina esquenta. Isso ocorre especialmente em Washington DC. O presidente Bush está em apuros, seus fiascos no Afeganistão e no Iraque continuam. Qualquer esforço americano para instalar um governo

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