Bush sonha com algum tipo de sucesso em Annapolis. No máximo haverá uma declaração oca, assinada pelos líderes de Israel e da Autoridade Palestina. Haverá boas fotos, mas nada que satisfaça os leões. Falta algo muito maior, que deixe uma marca nos anais da história.

O que poderia ser melhor do que salvar a humanidade da bomba nuclear iraniana?

Há uma expressão em alemão para isso: Flucht nacb vorne - fugir para a frente. Se não souber mais o que fazer, ataque o inimigo mais próximo. Assim Napoleão invadiu a Rússia, movimento que Hitler repetiu anos depois. Bush pode atacar o Irã por razões semelhantes.

Suspeito que a decisão já esteja tomada e que os preparativos estejam em andamento. Não há provas, mas Bush tem se comportado como quem já decidiu a favor da guerra.

A enorme máquina de propaganda de Washington trabalha sem descanso para preparar o terreno. Qualquer opositor é atropelado. De acordo com as pesquisas, o apoio do público americano à guerra cresce dia a dia. A maioria já é favorável à guerra. O novo presidente da França, que se comporta como um adolescente hiperativo, já saltou sobre a diligência e já suplantou Tony Blair como poodle de Bush.

Israel tem supostamente um papel central a desempenhar nessa cena.

Aqui também já está em operação uma enorme máquina de lavagem cerebral. O Ministério das Relações Exteriores associou-se ao mesmo esforço e começou uma campanha mundial para desmoralizar Mohammed al-Baradei - homem muito respeitado e chefe da Agência Internacional de Energia Atômica. Todos os dias a imprensa obediente publica textos de correspondentes e colunistas que são apenas porta-vozes camuflados do Exército e do governo. Eles nos dizem que dentro de 18 meses o Irã já terá uma bomba nuclear e que esse será o fim de Israel e do mundo. Como diz uma expressão hebraica, o remédio deve vir antes da doença. Portanto: bombardeie, bombardeie, bombardeie!

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