unidade e chegou a tempo para participar da batalha pela "Fazenda Chinesa", na qual foi morto.

Um conhecido diretor da televisão alemã veio para Israel e consultou-me sobre o melhor modo de filmar a guerra. Durante nossa conversa ele teve a ideia de me filmar cobrindo a guerra.

Assim tive a oportunidade de ver todas as frentes do combate. Estávamos à procura de Ariel Sharon, no sul, e o seguimos até o Canal de Suez. Alguns quilômetros antes do Canal nos encontramos sob um forte bombardeio egípcio. Ficamos retidos num enorme engarrafamento de trânsito - uma divisão inteira, com veículos de transporte de soldados, canhões, tanques, ambulâncias e outros equipamentos, que seguia rumo ao Canal. No caminho, visitamos um hospital de campanha, onde um médico militar, Ephraim Sneh - hoje um importante membro do Knesset - fazia uma cirurgia.

Em seguida, corremos para a Frente Norte. Passamos por muitos tanques queimados, deles e nossos, e chegamos a um vilarejo a cerca de 10 quilômetros de Damasco. Não sei como, mas me lembro de ter conversado com um menino sobre gatos.

No caminho, visitamos um campo de refugiados perto de Nablus e também passamos pela Cidade Velha, em Jerusalém. Em todos os cafés ouvia-se a voz do presidente do Egito, Anwar Sadat, explicando os objetivos da guerra. Os alemães da equipe de televisão ficaram pasmos. Lembravam histórias da Segunda Guerra Mundial e acharam inacreditável que uma população sob ocupação pudesse ouvir livremente a rádio inimiga.

Mas o evento que ficou gravado na minha memória - e na memória de quase todos os israelenses daquele tempo - não aconteceu no front.

Estávamos reunidos no apartamento de um vizinho quando a televisão mostrou a imagem de dezenas de soldados israelenses agachados, com as mãos por trás de cabeças baixas, cercados por soldados sírios assustadores.

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