país árabe - e não com qualquer país árabe, mas sim com o mais central e mais importante. Apesar de tudo o que aconteceu desde então, essa paz foi mantida.

Alguns censuram Bashar al-Assad e o rei Abdallah da Arábia Saudita por não seguirem o exemplo de Sadat. Por que não ousam vir a Jerusalém?

Esse raciocínio é resultado de uma interpretação errada dos fatos. Sadat não decidiu vir à toa. Isso não aconteceu da maneira que ele descreveu diversas vezes (até em conversas comigo): estava voltando da Europa e, enquanto sobrevoava o Monte Ararat, teve de repente uma inspiração que o levou a fazer algo sem precedentes - visitar a capital do inimigo ainda na vigência do estado de guerra.

A verdade é que, antes da visita, emissários de Sadat e Begin já haviam se encontrado secretamente no Marrocos. Só depois que o ministro de Relações Exteriores, Moshe Dayan, prometeu, em nome de Begin, devolver todos os territórios egípcios ocupados é que Sadat tomou a decisão da visita.

Onde está hoje o líder israelense que esteja disposto a prometer a Assad a devolução de todo o Golã e a Mahmoud Abbas a retirada até a Linha Verde?

Como Begin decidiu entregar ao Egito "partes da nossa pátria"?

Muito simples: para ele, esse território não era "parte da nossa pátria".

Begin tinha à sua frente um mapa bem claro da Terra de Israel. Herdara-o de seu mestre, Zeev Jabotinsky: o mapa do país no início do Mandato Britânico, nas duas margens do rio Jordão.

Ao longo da história, as fronteiras desse país mudaram centenas de vezes. Houve as fronteiras da Terra Prometida, do Nilo ao Eufrates. Houve as fronteiras do "Reino de Davi" (que jamais existiu), até Hamat, no norte da Síria. Houve as fronteiras do pequeno enclave ao redor de Jerusalém, no tempo de Ezra e Nehemia. Houve as fronteiras da Palestina Romana, que mudaram várias vezes. Houve

286