as fronteiras da "Jund (zona militar) Filastin" dos conquistadores muçulmanos. E muitas outras.

Como todas as anteriores, as fronteiras do Mandato Britânico foram fixadas por acaso. No sul, as fronteiras foram acordadas, antes da Primeira Guerra Mundial, entre os britânicos (que dominavam o Egito) e os turcos (que dominavam a Palestina). No norte, as fronteiras foram determinadas - depois daquela guerra - por um acordo entre o governo colonial francês na Síria e o governo colonial britânico na Palestina. Na Transjordânia estendeu-se um longo braço até o Iraque, para facilitar o fluxo de petróleo de Mosul (então sob controle dos britânicos) até Haifa, no Mediterrâneo.

Esse mapa acidental foi santificado por Jabotinsky, que escreveu a famosa canção: "O Jordão tem duas margens/ A de cá é nossa/ E a de lá também." Esses versos foram incorporados ao emblema do grupo clandestino Irgun e apareciam no cabeçalho do jornal do Partido Revisionista de Jabotinsky, do qual nasceu o atual Likud. A conclusão de Begin: a península do Sinai não é parte da Terra de Israel e, portanto, pode ser cedida sem qualquer escrúpulo moral. O objetivo era tirar da guerra o Egito, que, para Begin, tinha apenas uma meta: tomar posse de toda a Terra de Israel, que outros chamam de Palestina.

Begin também não teria qualquer problema em entregar o Golã, o qual, segundo o mesmo mapa, tampouco pertence à Terra de Israel. Mas foi seduzido por Ariel Sharon, que o convenceu a invadir o Líbano para aniquilar a OLP, escondendo seu segundo objetivo: nocautear a Síria. (Como se sabe muito bem, nenhum desses dois objetivos foi alcançado.)

Enquanto isso, cresceu uma nova geração, que não conhece Jabotinsky nem seu mapa. Na consciência da direita israelense formou-se um novo mapa: a margem leste do Jordão foi retirada e o Golã foi inserido. Mas no centro desse mapa, como sempre, está a Cisjordânia.

Antes da Guerra dos Seis Dias, Steven Runciman, historiador britânico que estudou as Cruzadas, disse-me que vivemos em um

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