Conheci Fadwa Barghouti no funeral de Yasser Arafat. Seu rosto estava molhado com lágrimas. Estávamos em meio a uma multidão de pessoas em luto, o barulho era ensurdecedor e só pudemos trocar algumas palavras.

Dessa vez estava calma e composta. Só riu quando soube que Teddy Katz, ativista do Gush Shalom que participava da visita, sacrificara uma unha do pé por Marwan: durante nosso protesto na corte, fomos violentamente atacados pelos policiais e um deles pisou com a bota no pé de Teddy, que usava sandálias.

Fadwa Barghouti é advogada e mãe de quatro filhos (três filhos e uma filha). O mais velho, Kassem, já esteve seis meses preso sem julgamento. Tem cabelos louros escuros ("Todos os membros da família, exceto Marwan, são louros", explicou, com um raro sorriso: "Talvez por causa dos Cruzados.")

Os Barghoutis são uma grande bamula (família ampliada), que habita em seis aldeias, perto de Bir Zeit. O Dr. Mustapha Barghouti, médico conhecido por sua luta em defesa dos direitos humanos, é um parente distante. Marwan e Fadwa - que também é Barghouti por nascimento - nasceram na aldeia de Kobar.

A família de Marwan Barghouti vive num apartamento confortável, num condomínio. No caminho para lá observei uma intensa atividade da construção civil em Ramallah - parece que prédios novos brotam em cada esquina, inclusive edifícios comerciais.

Na porta do apartamento um quadro bordado diz, em inglês: "Bem-vindo à minha casa". No apartamento há muitas fotografias de Marwan Barghouti e há um grande desenho inspirado na foto que ficou famosa e que o mostra no tribunal, erguendo as mãos algemadas, como um boxeador vitorioso. Quando as forças de segurança o estavam procurando, ocuparam o apartamento por três dias e penduraram na sacada uma grande bandeira de Israel.

Fadwa Barghouti é das poucas pessoas autorizadas a visitá-lo. Não como advogada, mas como "parente próximo" - definição que inclui pais, esposas, irmãos e filhos menores de 16 anos.

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