importantes a maioria odeia os Estados Unidos. E a colossal dívida interna também não augura nada de bom.

Será que realmente vale a pena ter o destino atado aos Estados Unidos, na vida e na morte? Além de considerações morais, será que é prudente pormos todos os nossos ovos - todos eles - numa única cesta?

Um cínico talvez perguntasse: por que não? Os Estados Unidos ainda dominam o mundo. E ainda dominarão por um bom tempo. Se e quando perderem o controle, diremos adeus e procuraremos novos aliados. Foi o que fizemos com os britânicos. Depois da Primeira Guerra Mundial, ajudamos os britânicos a obter o Mandato sobre a Palestina e, em retribuição, eles nos ajudaram a estabelecer aqui a comunidade hebraica. No fim, foram embora e nós ficamos. Depois, ajudamos a França e, em troca, nos deram o reator nuclear de Dimona. No fim, foram embora e o reator ficou.

Isso se chama Realpolitik, a política da realidade. Obteremos dos americanos o que pudermos e depois, em uma ou duas gerações, veremos. Talvez os Estados Unidos percam muitas de suas posses. Talvez parem de apoiar Israel quando uma nova realidade gerar uma mudança em seus interesses.

Não creio que nossa política atual seja inteligente. Nossa política "realista" só vê a realidade de hoje, mas não a realidade de amanhã. Afinal, não fundamos um Estado por um tempo limitado, o fundamos para as futuras gerações. Devemos pensar na realidade de amanhã.

Não há dúvidas de que o mundo de amanhã não será unipolar, totalmente americano; será multipolar, um mundo no qual a influência estará dividida entre vários centros, como Washington e Pequim, Moscou e Nova Delhi, Bruxelas e Brasília.

Seria inteligente começar a nos preparar hoje para esse mundo de amanhã.

De que modo?

Uma vez comparei a nossa situação à de um jogador numa mesa de roleta, em meio a uma inacreditável maré de sorte. À frente dele as

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