de décadas de negação mútua, Israel e o povo palestino reconhecem um ao outro. Esse é um passo histórico, do qual não há volta. Esse passo está ocorrendo agora, nas mentes de milhões, de ambos os lados. Gera uma dinâmica em direção à paz que, ao final, superará todos os obstáculos embutidos no acordo."

Essa opinião foi aceita pela maioria dos participantes do debate e, desde então, tem determinado a orientação do campo pacifista. Agora me pergunto: será que eu estava certo?

Yasser Arafat disse, sobre Oslo: "É o melhor acordo que poderia ser obtido, na pior situação possível." Se referia ao equilíbrio de poder e à enorme vantagem de Israel sobre os palestinos.

Para manter a transparência: pode ser que tenha dado uma pequena contribuição para moldar a atitude de Arafat. Em nossos encontros em Túnis, defendi várias vezes uma abordagem pragmática. Aprenda com os sionistas, disse a ele. Eles nunca dizem não. Em cada uma das etapas eles concordaram em aceitar o que lhes foi oferecido e imediatamente partiram para tentar obter mais. Os palestinos, ao contrário deles, sempre disseram não e perderam.

Algum tempo antes da assinatura do Acordo de Oslo tive um encontro especialmente interessante em Túnis. Ainda não se sabia o que estava acontecendo em Oslo, mas já se falava de ideias relacionadas a um possível acordo. Encontrei-me, no escritório de Arafat, com o próprio Arafat, Mahmoud Abbas, Yasser Abed-Rabbo e mais duas ou três pessoas.

Foi uma espécie de sessão de brain storming. Cobrimos todos os assuntos polêmicos - o Estado palestino, fronteiras, Jerusalém, os assentamentos, segurança etc. Trocamos ideias e analisamos diferentes tipos de soluções. Perguntaram-me: "O que Rabin pode oferecer?" Respondi com outra pergunta: "O que vocês podem aceitar?" Ao final, chegamos a uma espécie de consenso, bem próximo ao Acordo de Oslo, que foi assinado poucas semanas depois.

Recordo-me, por exemplo, do que foi dito sobre Jerusalém. Alguns dos presentes insistiram que não deveriam aceitar qualquer adiamen¬

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