O Hamas prevê que a AP está prestes a converter-se em uma agência de colaboradores, subcontratada para garantir a segurança de Israel e combater as organizações palestinas de resistência. De acordo com uma piada atual, "a solução de dois Estados" significa o Estado do Hamas em Gaza e o Estado do Fatah na Cisjordânia.

Claro que há contra-argumentos de peso. A Palestina é hoje reconhecida pelas Nações Unidas e pela maioria das organizações internacionais. Há um consenso oficial em todo o mundo a favor do estabelecimento do Estado palestino e mesmo aqueles que de fato são contra são obrigados, quando em público, a defendê-lo hipocritamente Mais importante: a opinião pública em Israel está se movendo lenta mas consistentemente na direção dessa solução. O conceito do "Eretz Israel" finalmente morreu. Há um consenso nacional sobre uma troca de territórios que possibilitaria a anexação a Israel dos "blocos de assentamentos" e o desmantelamento de todos os outros assentamentos. O verdadeiro debate já não se trava entre a anexação da Cisjordânia inteira e a anexação parcial, mas entre anexação parcial (das áreas a oeste do Muro e o vale do Jordão) e a devolução de quase todos os territórios ocupados.

Ainda estamos longe do consenso nacional necessário para fazer a paz - mas houve um avanço, comparando com o consenso que existia antes do Acordo de Oslo, quando grande parte do público negava a própria existência do povo palestino, sem mencionar a necessidade de se criar um Estado palestino. Essa opinião pública, juntamente com as pressões internacionais, é que agora obriga Ehud Olmert a pelo menos fingir que irá negociar o estabelecimento do Estado palestino.

Ainda é cedo demais para julgar Oslo, para o bem ou para o mal. Oslo ainda não pertence ao passado. Pertence ao presente. E o futuro do acordo depende de nós.

11/8/2007

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