lhor - que aconteceu ser dela. O segredo foi revelado. Ela se tornou uma fotógrafa entusiástica, dotada de um notável talento criativo e sempre focalizada nas pessoas.

No início de 1993, quando Itzhak Rabin deportou 215 militantes islâmicos para o outro lado da fronteira libanesa, tendas foram montadas em protesto em frente ao seu gabinete. Nós acampamos durante 45 dias e noites de inverno. Rachel, a única mulher presente o tempo todo, fez uma bela amizade com o mais radical xeque islâmico, Ra’ed Salah. Ele realmente a respeitava. Os dois faziam graça juntos.

Nessas tendas, nós fundamos o Gush Shalom. Para ela, a injustiça com os palestinos era intolerável.

Ela era a fotógrafa de todos os nossos eventos. Tirou fotos de centenas de manifestações, correndo para todo lado, captando ângulos pela frente e por trás, às vezes em meio a nuvens de gás lacrimogêneo - apesar das advertências do seu médico. Duas vezes ela desmaiou no sol escaldante, atravessando áreas inóspitas para protestar contra o Muro.

Quando o Gush precisou de um gerente financeiro, ela se apresentou como voluntária. Embora fosse completamente contra sua natureza, tornou-se uma meticulosa gestora, com um senso de dever prussiano, trabalhando na mesa da cozinha até tarde da noite. Ela preferia de longe sua função não oficial, de manter contato humano com os ativistas e ouvir seus problemas. Ela era a alma do movimento.

Mas também podia ser bem áspera. Longe de ser uma samaritana sonhadora, ela detestava mentirosos, hipócritas e gente má.

Nunca gostou de Ariel Sharon, nem mesmo nos anos em que íamos a casa um do outro para conversar sobre a guerra de 1973.

Lili Sharon a adorava, Arik também gostava dela. Há uma foto na qual ele lhe oferece seu prato favorito (ela não ligava para comida). Rachel não me deixava mostrar a foto a ninguém. Depois da invasão do Líbano em 1982, nós cortamos o contato com eles.

Certa vez, Dov Weisglas, confidente de Sharon, ao qual ela não perdoava certos comentários maldosos sobre os palestinos, me viu

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