Desde que testemunhei a ascensão dos nazistas, durante minha infância na Alemanha, meu nariz avisa ao primeiro sinal de fascismo no ar.
Quando começou o debate sobre a solução de Um Estado, meu nariz começou a coçar.
"Calma, nariz", disse eu. "Desta vez, você errou. A solução de Um Estado é ideia da esquerda. É ideia de gente credenciada, de grandes nomes de Israel e de todo o mundo, há entre eles até importantes marxistas." Mas meu nariz não parava de coçar. Agora, afinal, parece que meu nariz não errou.
Não é a primeira vez que um plano de judeus razoáveis e de esquerda, da esquerda kosher, leva a consequências de extrema-direita. Já aconteceu antes, por exemplo, no símbolo mais medonho da ocupação da Palestina: o Muro de Separação. Foi ideia de judeus kosher, de esquerda.
Quando se multiplicaram os ataques "terroristas", políticos da esquerda israelense, chefiados por Haim Ramon, apareceram com uma solução milagrosa que tudo resolveria: construir um obstáculo intransponível entre Israel e os territórios ocupados. Diziam que bastaria um muro para conter os ataques, sem que fosse preciso recorrer a ações brutais na Cisjordânia.