Entre alguns esquerdistas do mundo que defendem a solução de Um Estado, a notícia foi recebida com grande alegria. Eles ironizaram o campo da paz israelense (esquerdistas adoram ridicularizar uns aos outros) e elogiaram a "visão" da direita israelense. Que generosidade! Que disponibilidade para pensar de maneira criativa e aceitar ideias opostas! Só a direita israelense pode fazer a paz!
Porém, se essas boas pessoas lessem os textos, descobririam que as coisas não são necessariamente assim, muito pelo contrário.
Todos os direitistas citados pelo Haaretz têm várias ideias em comum, que devem ser consideradas.
Primeira: todos excluem a Faixa de Gaza do Um Estado proposto. Só nesse detalhe já desaparecem 1,5 milhão de palestinos, o que diminui o risco de desequilíbrio demográfico. (Esquecem que, pelo Acordo de Oslo, Israel reconheceu a Cisjordânia e a Faixa de Gaza como território contínuo. Mas a direita, afinal, sempre entendeu que o Acordo de Oslo teria sido obra de esquerdistas traidores.) Segunda: o Um Estado será, é claro, Estado judeu.
Terceira: a anexação da Cisjordânia será total e imediata, o que garantirá que a construção de novos assentamentos possa continuar sem qualquer dificuldade. Em um "Grande Israel" o projeto de colonização não pode ser restringido.
Quarta: não há como garantir cidadania "antecipada" a todos os palestinos.
O autor do artigo acima citado resume assim a posição daquela direita israelense:
Um processo a ser completado num período estimado entre dez anos e uma geração. Ao final do processo, os palestinos gozarão de plenos direitos individuais, mas o Estado será, nos símbolos e no espírito, Estado judeu... Não se fala de um "Estado que pertencerá a todos os cidadãos", nem em alguma "Isratina", com bandeira na qual se unam a lua crescente e a estrela de Davi. O "Um Estado" significa soberania para judeus.