O que aconteceu todos sabem: o episódio se arrastou, uma estupidez levou a outra, o mundo solidarizou-se com os passageiros do navio. Os britânicos, senhores da Palestina, não cederam e pagaram o preço. Um preço alto.

Muitos creem que o caso do Exodus marcou o ponto de virada da luta para a criação do Estado de Israel. A Grã-Bretanha cedeu ao peso da condenação internacional e decidiu desistir de seu mandato na Palestina. Houve, é claro, muitas outras razões importantes para aquela decisão, mas o episódio do Exodus provou ser a palha que quebrou a espinha dorsal do camelo.

Esta semana, em Israel, não fui o único que se lembrou desse episódio. De fato, foi quase impossível não lembrar, sobretudo para nós, israelenses que já vivíamos na Palestina naquele tempo e testemunhamos aqueles fatos.

Há diferenças importantes, é claro. Aqueles passageiros eram sobreviventes do Holocausto; hoje, são pacifistas de todo o mundo. Mas então, como hoje, o mundo viu soldados pesadamente armados atacarem brutalmente passageiros desarmados - que resistiram com o que encontraram à mão, paus e punhos. Daquela vez, como hoje, aconteceu em alto-mar - daquela vez, a 40 quilômetros da costa; agora, a 65 quilômetros.

Em retrospectiva, o comportamento do governo britânico naquele incidente parece inacreditavelmente estúpido. Mas Bevin não era bobo e os oficiais britânicos que comandaram a ação não eram idiotas. Afinal, acabavam de combater em uma guerra mundial, do lado vencedor.

Se agiram como perfeitos idiotas do começo ao fim, foi por arrogância, insensibilidade e absoluto desprezo pela opinião pública mundial.

Ehud Barak é o Bevin israelense. Burro, não é; nem os generais israelenses são idiotas. Mas são responsáveis por uma cadeia de atos alucinados, cujas implicações desastrosas são difíceis de avaliar. O ex-ministro e atual comentarista Yossi Sarid descreveu o comitê dos

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