recebido por garotinhas bonitas oferecendo flores. Todos sabem que os turcos não se rendem facilmente.

As ordens que os soldados receberam - e a imprensa divulgou - incluíam as palavras fatais: "a qualquer custo". Qualquer soldado sabe o que significam essas palavras terríveis. Não bastasse, na lista dos objetivos da missão a atenção aos passageiros civis aparecia em terceiro lugar, depois da salvaguarda da segurança dos soldados e da necessidade de cumprir a tarefa.

Se Binyamin Netanyahu, Ehud Barak, o chefe do Estado-Maior do Exército e o comandante da Marinha não perceberam que a operação poderia matar e ferir civis desarmados, então é necessário concluir - até os que ainda relutem - que são todos insuperavelmente incompetentes. Merecem ouvir as palavras imortais de Oliver Cromwell ao Parlamento: "Estão aí há tempo demais, considerando o serviço que têm prestado... Vão-se! Livrem-nos de vocês. Em nome de Deus, fora!"

Esse acontecimento aponta outra vez para um dos mais sérios aspectos da situação: Israel vive numa bolha, numa espécie de gueto mental, que nos isola do mundo e nos impede de ver outra realidade: a que o resto do mundo vê. Um psiquiatra veria aí um sintoma de uma grave doença mental.

A propaganda do governo e do Exército de Israel, para o público interno, conta uma história simples: os heroicos soldados israelenses, valentes e sensíveis, elite da elite, abordaram o navio com intenções de "conversar" e foram atacados por uma turba selvagem e violenta. Os porta-vozes oficiais repetiram várias vezes a palavra "linchamento".

No primeiro dia, praticamente toda a mídia israelense acreditou. Afinal, claro que nós, os judeus, somos as vítimas. Sempre. Aplica-se a soldados judeus também. Claro, nós invadimos um barco estrangeiro no mar, mas imediatamente nos transformamos em vítimas, sem outra opção exceto nos defender de antissemitas incitados e violentos.

Impossível não se lembrar da clássica piada de humor judaico sobre a mãe judia na Rússia que se despede do filho convocado para

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