Como, pois, o Ministério do Interior e/ou da Defesa de Israel o detiveram durante quatro horas e depois o despacharam de volta? Loucura? Má intenção? Vingança? Tudo isso somado? Alguma outra coisa?

O episódio tem várias implicações de longo alcance. Antes de tudo, é uma provocação contra a Autoridade Palestina, com a qual Binyamin Netanyahu quer realizar negociações diretas - ou diz que quer. É como cuspir na cara dos líderes da AP.

Chomsky vinha a convite de Mustafa Barghouti, líder palestino que trabalha pela não violência e pelos direitos humanos. Vinha a convite de uma universidade palestina.

O que Israel tem a ver com isso? Que audácia é essa de impedir que estudantes ouçam os professores que escolhem ouvir?

E o que isso demonstra sobre os discursos de Netanyahu de "Dois Estados para Dois Povos"? Que tipo de Estado palestino seria esse se Israel pode decidir quem pode ou não pode entrar? Principalmente em vista do fato de que Israel exige o controle de todas as fronteiras do novo Estado!

Em segundo lugar, cresce em todo o mundo a campanha pelo boicote a todas as universidades israelenses. Não só contra o autodesignado "Instituto Universitário" no assentamento de Ariel. Não só contra a Universidade Bar-Ilan, que apoiou o instituto. O boicote é contra todas as universidades israelenses.

Várias associações acadêmicas na Grã-Bretanha e em outros países já aprovaram esse boicote, outras são contra. Trata-se de uma batalha que está em andamento.

Os que se opõem ao boicote defendem a bandeira da liberdade acadêmica. Até onde chegaríamos se boicotássemos pesquisadores e pensadores por causa do país onde moram ou de suas opiniões? O escritor italiano Umberto Eco escreveu a seus colegas uma carta emocionada contra o boicote. Eu também sou contra.

E então vem o governo de Israel e nos puxa o tapete. Ninguém insinua que Chomsky apoie o terrorismo ou que tenha vindo para

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