Quando os professores John Mearsheimer e Stephen Walt publicaram seu livro revolucionário, no qual afirmam que Israel controla a política dos Estados Unidos mediante o lobby pró-Israel, Chomsky discordou e argumentou que se tratava exatamente do contrário: os Estados Unidos exploram Israel, com vistas a seus objetivos imperialistas, os quais contradizem os verdadeiros interesses de Israel.

De minha parte, parece-me que os dois lados têm razão. A posição de Chomsky pode ser confirmada em vista do veto americano a uma reconciliação entre Fatah e Hamas e a intervenção dos Estados Unidos contra a troca de prisioneiros palestinos por Gilad Shalit.

Então por que, santo Deus, Israel impediu que Chomsky entrasse no país?

Tenho uma teoria que poderia explicar tudo.

Por séculos os judeus foram perseguidos na Europa cristã. O antissemitismo fez da vida dos judeus europeus um inferno. Foram vítimas de pogroms, expulsões em massa, confinamento em guetos, leis discriminatórias e opressivas. Ao longo do tempo, os judeus desenvolveram mecanismos de defesa mental e física, métodos de sobrevivência e estratégias de fuga.

Desde o Holocausto a situação mudou radicalmente. Hoje os judeus encontraram nos Estados Unidos um paraíso que só pode ser comparado com aquele que conheceram na Idade de Ouro da Espanha muçulmana.

Quando se criou o Estado de Israel o mundo nos olhou com admiração e simpatia. Aquilo foi maravilhoso, mas, sob a superfície do que se pode chamar, generalizando, de consciência nacional, instalou-se certa desorientação, um mal-estar. Ali se desintegraram os mecanismos de defesa que sempre mantiveram os judeus orientados no mundo, atentos aos riscos, capazes de sobreviver. Sentiram que algo estava errado, que as pistas que sempre os orientaram ao longo dos caminhos haviam deixado de funcionar. Se não judeus elogiam judeus, ou dispõem-se a fazer alianças, algo deve estar er¬

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