menos altruístas, como tomar o controle do petróleo iraquiano e instalar bases americanas no coração da região petrolífera do Oriente Médio. Mas a aventura foi apresentada ao público americano como uma empreitada idealista contra um ditador sanguinário que ameaçava o mundo com bombas nucleares.
Isso aconteceu há seis anos e a guerra continua. Barack Obama, que se opôs à guerra desde o início, prometeu tirar os americanos de lá. Apesar de muita conversa, não há fim à vista.
Por quê? Porque os que realmente tomam decisões em Washington não tinham ideia alguma do que é o país que queriam libertar e ajudar a viver feliz para sempre.
Desde o início o Iraque foi um Estado artificial. Os britânicos costuraram umas às outras várias províncias otomanas para servir aos seus interesses coloniais. Coroaram um árabe sunita como rei dos curdos, que não são árabes, e dos xiitas, que não são sunitas. Só uma sucessão de ditadores, cada um mais brutal que o outro, impediu que o Estado se esfacelasse.
Os planejadores em Washington não tinham qualquer interesse na história, na demografia nem na geografia do país que invadiram com força brutal. O caso, visto de Washington, pareceu bem simples: alguém teria de derrubar o tirano, estabelecer instituições democráticas à maneira dos Estados Unidos, fazer eleições livres... e tudo o mais entraria "naturalmente" nos eixos.
Ao contrário das expectativas, os americanos não foram recebidos com flores. Tampouco encontrou-se lá a terrível bomba atômica de Saddam. Como o elefante na loja de porcelana do provérbio, quebraram tudo, destruíram o país e acabaram presos num pântano.
Depois de anos de operações militares sangrentas que levaram a lugar nenhum, encontraram afinal uma panaceia. Para o inferno o idealismo; para o inferno os altos ideais; para o inferno todas as doutrinas militares. Hoje os Estados Unidos não fazem outra coisa além de subornar os chefes tribais que constituem a realidade do Iraque.