quê, sem objetivo, sem razão. Um americano deve perguntar-se: o que, diabos, estamos fazendo ali?
O objetivo imediato, a expulsão da al-Qaeda do Afeganistão, foi ostensivamente alcançado. A al-Qaeda já não está lá - supondo-se que algum dia tenha estado.
Escrevi certa vez que a al-Qaeda é invenção dos Estados Unidos e que Osama bin Laden foi descoberto pela central de seleção de atores de Hollywood e mandado para fazer aquele papel. Osama bin Laden é perfeito demais para ser autêntico.
Claro, exagerei um pouco. Mas só um pouco. Os Estados Unidos vivem precisando de um inimigo universal. No passado, foi o Comunismo Internacional, cujos agentes eram vistos atrás de cada árvore, por baixo de cada tábua do assoalho. Infelizmente, já não há União Soviética, há falta de inimigo, alguém teria de preencher o papel. Foi quando acharam a jibad planetária, encarnada na al-Qaeda. Esmagar o "Terrorismo Mundial" passou a ser a razão de ser de tudo que os Estados Unidos fazem.
Essa razão de ser não é razão; como objetivo, é irracional. O terrorismo não passa de um instrumento de guerra. Esse instrumento é utilizado por organizações completamente diferentes umas das outras, que lutam nos mais diversos países, por metas totalmente distintas. Fazer guerra universal contra "o terror internacional" é como fazer guerra à "artilharia internacional" ou à "marinha internacional".
Não há nenhum movimento terrorista universal liderado por Osama bin Laden. Graças aos Estados Unidos, "al-Qaeda" tornou-se grife prestigiada no mercado da guerrilha, assim como "McDonald’s" e "Armani", no mundo do fast-food e da moda. Cada militante de organização islâmica pode hoje se apropriar da grife, mesmo sem pagar royalties a Bin Laden.
Os governos controlados pelos Estados Unidos, que sempre rotularam de "comunistas" seus inimigos locais para obter ajuda dos patrões americanos, hoje rotulam os seus inimigos locais de "terroristas da al-Qaeda".