As ordens dos censores militares aplicam-se a todos os oficiais, de comandantes de batalhão para baixo, que tenham participado na guerra de Gaza. Como já se conhecem todas as caras dos comandantes de brigada para cima, o mascaramento obrigatório não os inclui.

Imediatamente depois do cessar-fogo, o ministro da Defesa, Ehud Barak, promoveu uma lei especial que dá apoio ilimitado do Estado a todos os soldados e oficiais que participaram da guerra de Gaza e que possam ser acusados, no exterior, por prática de crime de guerra. O que parece confirmar um ditado hebraico: "Em cabeça de ladrão, chapéu pega fogo."

Nada tenho contra esses processos fora de Israel. O que interessa é que os criminosos de guerra, como os piratas, sejam julgados. Não importa muito onde sejam presos. (Essa foi a regra aplicada pelo Estado de Israel quando sequestrou Adolf Eichmann, na Argentina, e o enforcou, em Israel, por crimes hediondos, cometidos fora do território de Israel e mesmo antes de Israel existir.)

Mas como patriota israelense eu preferiria que israelenses suspeitos de crime de guerra fossem julgados em Israel. Isso é necessário para o país, por respeito aos oficiais e soldados decentes do Exército de Israel e para educar as futuras gerações de cidadãos e de soldados.

Não é preciso recorrer às leis internacionais. O Estado de Israel tem leis contra crimes de guerra. Basta lembrar a sentença imortal cunhada por Binyamin Halevy, quando servia como juiz militar, no julgamento dos policiais de fronteira que foram responsáveis, em 1956, pelo massacre em Kafr Kassem. Naquele caso, dezenas de crianças, homens e mulheres foram assassinadas por violar um toque de recolher que nem sabiam que tinha sido implantado.

O juiz declarou que mesmo em tempos de guerra há ordens que carregam a "bandeira preta da ilegalidade". São ordens "manifestamente" ilegais - isto é, ordens que qualquer pessoa normal sabe que são ilegais, sem precisar consultar advogados.

Criminosos de guerra envergonham o Exército cujo uniforme vestem - sejam generais ou soldados rasos. Como soldado combatente

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