Esse sistema de doutrinação converte os jovens a uma espécie de culto tribal violento, totalmente etnocêntrico, que vê a história universal como história contínua dos judeus como vítimas. É uma religião do Povo Eleito, sem compaixão por quem não seja judeu, que glorifica o genocídio decretado por Deus narrado na Bíblia, no Livro de Josué.
Os "rabinos", professores dos jovens religiosos, são resultado desse tipo de educação. Por influência deles, está em andamento um esforço sistemático para ocupar mais espaço dentro do Exército israelense. Oficiais que usam quipá substituíram os oficiais educados nos kibutz e que há pouco tempo eram maioria no Exército. Muitos dos oficiais de baixas e médias patentes hoje em dia pertencem a esse grupo.
O exemplo mais destacado é o rabino-chefe do Exército, coronel Avichai Ronsky, que declarou que sua missão é reforçar "o espírito de combate" dos soldados. É um homem de extrema-direita, próximo das ideias do falecido rabino Meir Kahane, cujo partido foi tornado ilegal em Israel, por sua ideologia fascista. Os soldados receberam brochuras de conteúdo religioso-fascista, que foram patrocinadas pelo rabinato do Exército, com textos desses "rabinos" de extrema-direita.
Esse material inclui incitamento político, a ideia de que a religião judaica proíbe "ceder um milímetro sequer da ‘Grande Israel’"; que os palestinos, como os bíblicos filistinos (nome étnico do qual deriva a palavra Palestina), são um povo estrangeiro que invadiu o país e que qualquer concessão (como as indicadas no programa oficial do governo) seria pecado mortal. A distribuição de propaganda política aos soldados viola, é claro, as leis militares.
Os rabinos pregaram aos soldados, abertamente, que fossem cruéis e impiedosos com os árabes. Tratá-los com piedade seria - disseram eles - "terrível, horrenda imoralidade". Esse material foi distribuído aos soldados religiosos que partiam para o combate. E isso ajuda a entender por que as coisas aconteceram como aconteceram.
Quem planejou essa guerra sabia que a sombra dos crimes de guerra pairava sobre toda a operação. Prova: o procurador-geral