A face da família Obama é muito diferente. Na família ampliada há brancos e descendentes de escravos negros, africanos do Quênia, indonésios, chineses do Canadá, cristãos, muçulmanos e até um judeu (um afro-americano convertido). Os dois primeiros nomes do presidente, Barack Hussein, são árabes.

Essa é a face da nova nação americana - uma mistura de raças, religiões, países de origem e cores de pele, uma sociedade aberta e diversa, na qual se espera que os cidadãos sejam iguais e se identifiquem com os "pais fundadores". O americano Barack Hussein Obama, filho de pai nascido numa aldeia do Quênia, pode falar com orgulho de "George Washington, pai de nossa nação", da "Revolução Americana" (a guerra de independência contra os britânicos) e lembrar o exemplo dos "nossos ancestrais" - que incluem tanto os pioneiros brancos como os escravos negros que "sofreram o golpe do chicote". Essa é a percepção de uma nação moderna, multicultural e multirracial: uma pessoa se junta a ela adquirindo a cidadania e, a partir desse momento, torna-se herdeira de toda a história da nação.

Israel é produto do nacionalismo estreito do século XIX, um nacionalismo fechado e excludente, baseado na origem étnica e racial, em sangue e terra. Israel é um "Estado judeu" e um judeu é quem nasceu judeu ou converteu-se conforme a lei religiosa judaica (Halakha). Como o Paquistão e a Arábia Saudita, Israel é um Estado cujo mundo mental é, em grande parte, condicionado pela religião, pela raça e pela origem étnica.

Quando Ehud Barak fala sobre o futuro, ele utiliza a linguagem de séculos passados, em termos de força bruta e ameaças brutais, com exércitos fornecendo soluções para todos os problemas. Essa foi também a linguagem de George W. Bush, que na semana passada desapareceu de Washington, uma linguagem que já soa para os ouvidos ocidentais como eco de um passado distante.

As palavras do novo presidente vibram no ar: "Nossa força, só ela, não pode proteger-nos nem nos autoriza a fazer o que quisermos." As palavras-chave foram "humildade e moderação".

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