Nossos líderes agora se vangloriam de sua parte na guerra de Gaza, na qual uma força militar sem limites foi utilizada intencionalmente contra uma população civil, homens, mulheres e crianças, com o objetivo declarado de "criar dissuasão". Na era que começou na terça-feira passada, esse tipo de expressão só gera indignação.
Entre Israel e os Estados Unidos abriu-se uma fenda esta semana, ainda estreita, quase invisível - mas que pode alargar-se e converterse em um abismo.
Os primeiros sinais ainda são fracos. No discurso de posse, Obama disse que "Somos uma nação de cristãos, muçulmanos, judeus e hindus - e de não crentes."
Desde quando? Desde quando os muçulmanos aparecem antes dos judeus? O que aconteceu com a "herança judaico-cristã"? (Expressão completamente falsa, para começar, porque o judaísmo é muito mais próximo do islamismo do que do cristianismo. Por exemplo: judaísmo e islamismo não pregam a separação entre religião e Estado.)
Na manhã seguinte, Obama telefonou para vários líderes do Oriente Médio. Decidiu fazer um gesto inusitado: o primeiro telefonema foi para Mahmoud Abbas, só depois telefonou a Ehud Olmert. A mídia israelense não consegue digerir isso. O Haaretz, por exemplo, falsificou conscientemente a notícia escrevendo - não só uma, mas duas vezes na mesma edição - que Obama telefonou a "Olmert, Abbas, Mubarak e ao rei Abdallah" (nessa ordem).
Em vez do grupo de judeus americanos que estiveram encarregados do conflito israelense-palestino, tanto durante o governo de Clinton como o de Bush, Obama, logo no primeiro dia no cargo, nomeou um árabe-americano, George Mitchell, filho de mãe libanesa que chegou aos Estados Unidos com 18 anos. Mitchell, órfão de pai irlandês, foi criado por uma família de cristãos maronitas libaneses.
Nenhuma dessas é boa notícia para os líderes israelenses. Nos últimos 42 anos mantiveram uma política de expansão, ocupação e assentamentos em estreita cooperação com Washington. Confiaram