E Barak não pavimenta a estrada apenas para Binyamin Netanyahu. O verdadeiro vencedor nessa guerra é um homem que nem participou dela: Avigdor Lieberman.
O partido de Lieberman, que em qualquer país normal seria chamado de fascista, está crescendo nas pesquisas eleitorais. Por quê? Porque Lieberman soa e parece como um Mussolini israelense, odeia árabes, representa a força mais brutal. Comparado a Lieberman, até Netanyahu parece moderado. Grande parte dos mais jovens, criados ao longo de anos de ocupação, matança e destruição, depois de duas guerras atrozes, vê Lieberman como um político digno de liderar o país.
Enquanto os Estados Unidos dão um salto gigante para a esquerda, Israel está prestes a dar um salto maior ainda para a direita.
Quem viu os milhões que se reuniram em Washington para assistir à posse de Obama sabe que o novo presidente americano não falou só em seu próprio nome. Ele expressou as aspirações de seu povo, outra visão de mundo.
Entre o mundo mental de Obama e o mundo mental de Lieberman e Netanyahu não há ponte possível. Entre Obama e Barak e Livni também há um abismo. O Israel pré-eleitoral talvez descubra que entrou em rota de colisão com os Estados Unidos pós-eleitorais.
Onde estão os judeus americanos? A grande maioria deles votou em Obama. Estarão entre o martelo e a bigorna - entre Israel e o governo americano? É razoável supor que daí virá alguma pressão de baixo para cima, sobre os "líderes" dos judeus-americanos os quais, vale lembrar, jamais foram eleitos, e sobre organizações como o Comitê Americano-Israelense de Negócios Públicos (AIPAC). O bastão com o qual os líderes israelenses estão habituados a contar nas horas de aperto pode se revelar como um caniço quebrado.
A Europa tampouco permanece intocada pelos novos ventos. É verdade, ao final da guerra vimos os líderes europeus - Sarkozy, Merkel, Brown e Zapatero - sentados como alunos na sala de aula, ouvindo respeitosamente a escandalosa arrogância de Ehud Olmert e repetindo seu texto. Pareciam aprovar as atrocidades da guerra,