as piores nações. Poucos israelenses conhecem esses versos de Heine, mas Israel, como país, é a encarnação deles.
Nesta guerra, políticos e generais têm repetido que "o dono da barraca enlouqueceu", como gritam os feirantes, no sentido de "está distribuindo tomates quase de graça". Mas ao longo do tempo algo foi acontecendo e converteu-se em doutrina mortal que frequentemente aparece no discurso público israelense: para deter nossos inimigos temos de agir como loucos, sem limite, matar e destruir sem piedade.
Nesta guerra a loucura tornou-se dogma político e militar: só se matarmos "eles" de maneira desproporcional, mil "eles" para cada dez "nossos", então eles entenderão que não vale a pena meter-se conosco. Isso ficará "cauterizado na consciência deles" (frase que se ouve muito hoje em dia em Israel). Depois disso eles pensarão duas vezes antes de lançar um foguete Qassam contra nós, mesmo em reação ao que fizermos, seja lá o que for.
É impossível avaliar o quanto há de vicioso nesta guerra sem pensar no contexto histórico: o sentimento de vitimização depois de tudo que os judeus sofreram ao longo dos anos e a convicção de que, depois do Holocausto, temos o direito de fazer qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa, para nos defender, sem limites legais ou morais.
Quando a matança e a destruição em Gaza estavam no auge, aconteceu algo nos distantes Estados Unidos que nada teve a ver diretamente com a guerra, mas de fato tem muito a ver com ela.
O filme israelense Valsa com Bashir recebeu um importante prêmio internacional. Os jornais israelenses informaram sobre o prêmio com alegria e orgulho, mas tiveram o cuidado de não mencionar o tema do filme. Só até aí já foi um fenômeno interessante: saudou-se o sucesso de um filme e ao mesmo tempo ignorou-se seu conteúdo.
O tema desse importante filme é um dos capítulos mais negros de nossa história: o massacre de Sabra e Shatila. Durante a primeira Guerra do Líbano, em 1982, uma milícia de libaneses cristãos, sob os auspícios do Exército israelense, cometeu o massacre de centenas