de refugiados palestinos indefesos, encurralados em campos de refugiados, homens, mulheres, crianças e velhos. O filme narra essa atrocidade com exatidão meticulosa, inclusive nossa participação nela.
Tudo isso não foi mencionado no noticiário sobre o prêmio. Na cerimônia de premiação, o diretor do filme nem aproveitou a oportunidade para protestar contra os acontecimentos em Gaza. Não se sabe exatamente quantas mulheres e crianças estavam sendo assassinadas no momento em que acontecia a cerimônia - mas não há dúvidas de que o massacre em Gaza é ainda mais terrível do que o de 1982. Naquela ocasião, 400 mil israelenses saíram de casa e protestaram, espontaneamente, em Tel Aviv. Hoje, apenas 10 mil israelenses têm ido às ruas para protestar contra a matança em Gaza.
A comissão oficial de Israel que investigou o massacre de Sabra e Shatila declarou que o governo israelense foi "indiretamente responsável" pela atrocidade. Vários altos funcionários e oficiais foram suspensos. Entre eles, um comandante de divisão, Amos Yaron. Nenhum dos demais indiciados, do ministro da Defesa, Ariel Sharon, ao chefe do Estado-Maior, Rafael Eitan, jamais disse uma palavra de arrependimento, porém Yaron expressou remorso, em um discurso aos seus comandados, e admitiu: "Nossa sensibilidade estava ofuscada."
As sensibilidades ofuscadas estão muito evidentes na guerra de Gaza.
A primeira guerra do Líbano durou cerca de 18 anos e morreram mais de 500 de nossos soldados. Os arquitetos da segunda guerra do Líbano decidiram evitar uma guerra tão longa e com perdas tão pesadas. Inventaram o princípio do "comandante louco": destruir bairros inteiros, amplas áreas e infraestruturas. Em 33 dias de guerra, já havia mil libaneses mortos, quase todos civis - recorde que já foi batido nesta guerra de Gaza, no 17° dia.
Naquela guerra nosso Exército sofreu baixas nos combates e a opinião pública, que de início apoiara a guerra tanto quanto hoje apoia a guerra em Gaza, rapidamente mudou de direção.